janeiro 10, 2013

Sparks Fly, Capítulo 19 - Naive


Bieber entreabriu seus lábios e envolveu o dedo de Melanie com a língua, uma carga de adrenalina foi despeja em suas correntes sanguíneas naquele momento e um gemido rouco escapou da garganta da mais nova. Envergonhada, fechou seus olhos e quebrou o contato entre seu dedo e a língua daquele maníaco, mas para a surpresa de Justin, Melanie umedeceu seus lábios e os abocanhou em um beijo estarrecedor.
Aquele dia estava sendo surpreendente.
Capítulo 19 – Naive.
I know, she knows, that I’m not fond of asking. 
True or false it may be she's still out to get me.

(Naive – The Kooks)
Depois de longos e deliciosos minutos consegui separar nossos lábios. Meus pulmões imploravam por uma pausa, mas ao mesmo tempo cada fibra do meu corpo pedia pelo seu toque, pela sua atenção. Porém, não me sentia preparada para levar aquilo adiante – ainda mais com Judith no andar de baixo –, não sabia como agir e a vergonha me consumia cada vez mais com seu olhar pesando sobre mim.
– Acho melhor irmos comer alguma coisa. – Murmurei me afastando de seu corpo e Justin apenas balançou a cabeça concordando, seus olhos permaneciam fechados e ele parecia estar tentando controlar sua respiração. – Os bolos que Judith faz são uma delícia. – Dei uma desculpa qualquer e sentei-me na cama com as pernas para fora, balancei meus pés de um lado para o outro e encarei os mesmos, envergonhada. – Você quer? – Perguntei e apenas escutei um suspiro de sua parte antes de sentir o colchão ao meu lado afundar com seu peso. Passou os dedos entre os cabelos, como sempre fazia e logo escorregou sua mão pelo meu braço até encontrar a minha e entrelaçá-las. 
– Como vamos fazer daqui para frente? – Fitei seu rosto e suspirei em seguida. Não tinha a mínima ideia de como seria nossas vidas daquele dia em diante, mas faria de tudo para que ficássemos juntos. 
– Eu... Eu não sei, mas vamos achar um jeito e tudo vai acabar dando certo. 
– Você podia ficar. Morar comigo e com Pattie durante um tempo até as coisas se estabilizarem. – Sugeriu esperançoso e balancei a cabeça negativamente. Aquilo seria loucura, meus pais nunca aceitariam uma proposta desse tipo. 
– Meus pais nunca aceitariam. – Suspirei encostando minha cabeça em seu ombro. – Podemos conversar sobre isso depois? – Justin sibilou um pequeno “sim” e levantei-me da cama estendendo uma de minhas mãos para ele segurar. – Judith já deve estar ficando louca. 
Como já era de se esperar uma bandeja cheia de muffins e brownies nos aguardava no andar de baixo, juntamente com duas canecas de chocolate quente. Agradeci Judith que continuava fazendo seu trabalho na cozinha e caminhei até a sala, onde Justin escolhia um filme para assistirmos. 
– As Vantagens de ser Invisível? – Estendeu-me a caixinha do DVD e suspirei. Esse era com certeza um dos melhores filmes que já assisti até hoje, tão bom quanto o livro, o que atualmente é um milagre acontecer. 
– Pode ser. – Dei um pequeno sorriso e coloquei a bandeja em cima da mesinha de centro. Estendi em cima do tapete um dos cobertores que havíamos pegado em meu quarto e coloquei as almofadas em uma ponta para poder no encostarmos, Justin sentou-se naquela parte e bateu no espaço ao seu lado para que eu fizesse o mesmo que ele logo de uma vez. Joguei o outro cobertor para ele e peguei as canecas de chocolate quente, em seguida me sentei ao seu lado. 
– Isso é realmente bom. – Elogiou depois de beber e concordei enquanto me aconchegava em seus braços. – Já assistiu a esse filme? 
– Sim e você provavelmente vai odiar ou dormir antes de acabar. 
– Filme de garotinhas? – Balancei a cabeça rindo e Justin escondeu seu rosto em meu pescoço. – Boa noite Mel. 
– Nem comece você que escolheu. – Disse tentando empurrá-lo para o lado, mas foi uma tentativa bem falha já que Justin é bem mais forte e pesado do que eu. – Vou acabar derrubando meu leite em você, Justin! – Gargalhei quando o mesmo começou a fungar em meu pescoço e depois de muito reclamar ele finalmente me soltou. 
A comida que Judith tinha nos preparado acabou em menos de dez minutos e depois disso perdi a conta de quanto tempo ficamos ali, abraçados, um sentindo a respiração pesada do outro. 
O filme já havia terminado e Justin dormia tranquilamemte com a cabeça encostada em meu peito, nossas pernas estavam entrelaçadas e minha vontade era de ficar assim com ele até amanhã, ou talvez até mais, mas meus pais chegariam a qualquer momento. 
– Jus é melhor você acordar. – Sussurrei em seu ouvido passando meus dedos entre seus cabelos e logo seus braços apertaram minha cintura. 
– Seus pais chegam que horas? – Perguntou depois de bocejar e sentar-se ao meu lado. 
– Não sei, depende do dia, depende do tanto de trabalho que eles têm, mas minha mãe costuma chegar antes. 
– Ela vai abrir outro ateliê na Alemanha? – Olhei para ele e suspirei, não tive tempo de conversar com ela em relação a isso e só agora percebia como estava sendo egoísta em relação a essa mudança. A vida da minha mãe era aquele ateliê, o que ela mais gostava de fazer era criar roupas e ver o sorriso de satisfação de seus clientes quando uma peça era entregue. Eu não era a única que estava sofrendo e talvez, até mais do que eu, ela estivesse precisando de um ombro amigo nesse momento. 
– Não tivemos tempo de conversar ainda. 
– Você acha que se ela dissesse não seu pai mudaria de ideia? 
– Meu pai não trocaria aquela empresa por nada, nem pela família dele. – Disse com amargura e Justin apertou minha mão. 
Depois disso o assunto morreu e mais uma vez me senti uma mimadinha egoísta, meu pai podia até não ser tão presente na minha vida – o que ele realmente não era –, mas dizer uma coisa dessas era hipocrisia demais.
– Vou transferir minha matrícula de Arquitetura para UCSF* amanhã. – Justin mudou de assunto e o encarei sorrindo. Finalmente uma notícia boa. – Fui até lá hoje cedo, achei que eles não me aceitariam por ter trancado a matrícula há tanto tempo, mas minhas notas eram ótimas então foi fácil. - Se gabou. 
– Isso... Isso é ótimo Justin, parabéns! – Agarrei seu pescoço e logo o puxei para um abraço apertado, Justin soltou uma gargalhada gostosa e me puxou para o seu colo. – Porque não me contou antes? – Dei um tapinha em seu braço e tenho quase certeza que minha mão ficou mais dolorida.
– Não reclame eu só ia te contar amanhã, depois de acertar tudo, seria uma surpresa. – Retrucou erguendo os braços para cima. 
– Ainda bem, odeio surpresas. – Justin revirou os olhos e me deu um selinho em seguida.
– Agora eu acho melhor nós arrumarmos essa bagunça antes que seus pais cheguem. – Concordei me levantando do seu colo.
Dobrei todos os cobertores e coloquei as almofadas em seus devidos lugares enquanto Justin me atrapalhava e levava as louças sujas para a cozinha. Judith já tinha ido para casa então eu acabaria lavando aquilo quando Justin fosse embora.
Terminamos tudo rapidamente e ficamos mais um tempo juntos no sofá da sala. Já eram quase oito horas da noite e nada dos meus pais chegarem, deitei minha cabeça no colo de Justin e fiquei observando seus olhos – que mais pareciam duas poças de mel – durante um longo tempo.
– O que aconteceu aquele dia, Justin? – Perguntei curiosa.
– Que dia, Melanie?
– Você sabe. – Suspirei revirando os olhos. – E porque Bryan foi te visitar no hospital? – Não sabia bem o porquê, mas precisava saber o que tinha acontecido.
– Você disse que não queria conversar sobre isso. – Resmungou e voltou seu olhar para o teto da sala.
– Sim, mas agora eu quero saber o que aconteceu.
– Nós saímos, bebemos, fizemos outras coisas que não devíamos e o resto você já sabe. – Bufou irritado e levantei-me do seu colo. – E ele foi me ver no hospital porque é meu amigo, oras.
– Tem certeza? – Perguntei com uma sobrancelha arqueada.
– Está duvidando de mim? – Retrucou meio ressentido.
– Não, quero saber se tem certeza de que Bryan é realmente seu amigo.
– Ele foi o único que não se afastou de mim. – Deu de ombros como se aquilo não fosse um assunto importante ou esperando que eu não captasse sua indireta.
– Talvez quem tenha se afastado dos outros foi você Justin. – Rebati e ele me encarou durante alguns segundos.
– Já passei tempo demais aqui hoje, amanhã nós conversamos. – Levantou-se irritado e deu um beijo de despedida em minha testa.
– Você não vai embora agora. – Segurei seu braço com força e levantei-me rapidamente. – Não quero que fique bravo comigo. – Disse acariciando seu rosto e Justin suspirou como resposta.
– Eu não gosto de conversar sobre isso. – Segurou minha mão e fiquei na ponta dos pés para poder abraçá-lo. 
– Tudo bem. – Dei-me por vencida. – Por hora nós não precisamos falar sobre isso.

[...]

Caminhava tranquilamente pelo corredor da escola com Annie ao meu lado, ela contava animadamente como havia sido seu final de semana em sua cidade natal – Los Angeles –, mas eu não absorvia nada do que ela dizia. Não propositalmente, é lógico, mas minha cabeça estava em outro lugar.
– Então, o que você acha? – Perguntou sorrindo.
– Ach... Acho do que? – Me fiz de desentendida e Annie revirou os olhos.
– Você não escutou nada do que eu disse, não é? – Balancei a cabeça murmurando minhas desculpas e Ann suspirou. – Eu disse que depois da formatura nós podíamos ir para Los Angeles, ficamos na casa dos meus avôs. Então, o que você acha? – Fitei meus pés rapidamente e logo direcionei meu olhar à garota para em minha frente, que por sinal esperava ansiosa pela minha resposta.
– Acho que é uma boa ideia. – Disse por fim. – Mas tenho que conversar com meus pais antes.
– Oh, claro! Minha mãe pode conversar com a sua se precisar. – Sorri e paramos em frente aos nossos armários. As aulas demorariam mais um pouco para começar.
Peguei o material necessário para as três primeiras aulas e logo os coloquei em minha bolsa, Annie fez o mesmo e depois nos sentamos em um dos bancos próximos à sala de Química, que seria nossa primeira aula.  Assim que nós sentamos meu celular vibrou no bolso da jaqueta e o peguei rapidamente sorrindo ao ver o nome de Justin piscando.
Bom dia princesa!
Acabei de sair da UCSF e eles realmente me aceitaram,
mas minhas aulas só começam no próximo ano.
Anyway, só queria te avisar e saber se gostaria de almoçar comigo hoje!
Aceita?
– Me empresta um pouco desse mel que você tem garota! – Annie deu um gritinho e só assim percebi que ela também estava lendo a mensagem de Justin. Minhas bochechas coraram na hora e ela fez questão de soltar uma gargalhada.
– Não tem mel nenhum. – Disse envergonhada.
– Tem certeza? Porque o Andrew é extremamente fissurado em você e vamos combinar que ele é lindo. E agora o Justin que é outro pedaço de mau caminho, sem contar que é mais velho! – Olhou maliciosamente para mim e revirei os olhos tentando segurar a risada.
– Andrew é apenas um amigo. – Dei de ombros e Annie arqueou uma sobrancelha. – Tudo bem, nós ficamos algumas vezes, mas ele tinha total conhecimento da minha “história” com Justin.
– Mesmo assim continua fissurado, sempre que você falta ou acontece alguma coisa ele fica preocupado e vem conversar comigo. – Isso sim era novidade. Sempre soube que Andrew tinha uma “quedinha” por mim, mas não sabia que chegava a tanto.
– Sério? – Perguntei meio sem acreditar e Ann balançou a cabeça assentindo.
– E por falar nele... – Fez um sinal para que eu olhasse para trás e lá estava Andrew, andando em nossa direção com um sorriso estonteante no rosto que deixaria qualquer garota enlouquecida, mas eu já era imune àquele charme todo. – Te espero na sala. – Murmurou e antes que eu protestasse, ela já andava em direção à sala de Química.
Tudo bem Melanie, é só pedir desculpas por não ter falado com ele durante esses dias, dizer que você Justin estão bem e que no próximo ano você não morará mais na América do Norte, simples, fácil. Afinal de contas o garoto não sente nada por você e com certeza não vai se abalar com essas notícias!  
Fechei os olhos enquanto meu subconsciente zombava de mim e respirei fundo. A parte mais difícil – que foi contar para Justin – já havia sido feita, então não tinha motivos para me preocupar com Andrew. Ele continuaria sendo meu amigo apesar da distância e continuaria enchendo meu saco por preferir Justin a ele, mas tudo acabaria dando certo. Tudo acabaria bem. 
Quer dizer, eu espero que isso aconteça. 
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Notas Finais!
UCSF - University of California, San Francisco. 
QUERO COMENTÁRIOS, OK? haha 
outubro 16, 2012

Sparks Fly, capítulo 18 - Achilles heel.


O som dos punhos fechados de Judith contra a porta ecoou pelo meu quarto, e instantaneamente levantei-me da cama. Gritei um “Já vai” enquanto calçava minhas botas australianas e caminhei até a porta suspirando.
Talvez um de seus bolos me fizesse bem agora.
– Que porra está acontecendo?
– Como... Como você... Quem te deixou entrar? – Murmurei exasperada. Afinal de contas, não era Judith que batia incessantemente em minha porta.
Capítulo 18 – Achilles heel.
This is a state of grace, this is a worthwhile fight. Love is a ruthless game unless you play it good and right. These are the hands of fate. You’re my Achilles heel, this is the golden age of something good and right and real. (State of Grace – Taylor Swift)
Melanie tentava com todas as forças segurar suas lágrimas. Chorar na frente de Justin não ajudaria em nada – por mais que essa fosse sua vontade –, e naquele momento ele era a última pessoa que a garota gostaria de ver em sua frente.
Não estava pronta para contar que quando o próximo ano chegasse, ela teria que morar em outro país. Teria que se acostumar com pessoas jamais vistas, cultura e costumes totalmente diferentes dos seus, e tudo isso longe de Justin.
Em outras circunstâncias a garota abraçaria aquela oportunidade, colocar seus pés americanos em território europeu sempre foi seu grande sonho, mas nunca pensou em se afastar por mais de três ou talvez até cinco meses. A possibilidade de algum dia morar fora dos Estados Unidos nunca passou pela sua cabeça e agora isso era o que mais lhe atormentava. Melanie tinha uma vida em São Francisco e não trocaria essa cidade por nenhum outro país do mundo.
Mantinha seus olhos fixos em Justin, e ele, por sua vez, continuava com os braços apoiados em cada lado da porta deixando a garota sem nenhuma rota de fuga, e até aquele ponto ela já não sabia mais se valia à pena tentar fugir. Havia tentado durante a manhã toda e agora Justin estava parado na porta do seu quarto com uma expressão nada boa, por sinal.
– Melanie, me diga o que está acontecendo.
Sua voz era suave, mas qualquer pessoa que escutasse saberia que Justin estava tentando deixar sua raiva de lado. Não sabia o que estava acontecendo com Melanie e isso deixava o garoto ainda mais angustiado. Ele teria feito alguma coisa errada? Teria dito alguma coisa que não devia? Ela teria mudado de ideia em relação a eles?
– Não está acontecendo nada – Sussurrou desviando seus olhos para o chão e deu um paço para trás. – só quero ficar sozinha.
– Não vou sair daqui até saber o que está acontecendo. – Justin elevou o tom de sua voz e Melanie encolheu seus ombros. Ele nunca havia falado com ela daquele jeito. – Passei a manhã inteira tentando lembrar em alguma coisa que tenha feito de errado, relembrando nossas conversas no hospital para saber se tinha falado alguma coisa que não devia e então achar um motivo para você estar se comportando dessa forma. E agora que estou aqui, tentando entender o que está acontecendo, você me diz que só quer ficar sozinha? Que não está acontecendo nada de errado? Antes de tudo sou seu melhr...
– Melhor amigo, conheço você melhor do que qualquer outra pessoa e blá, blá, blá... – Interrompeu bruscamente o sermão de Justin e respirou fundo assim que sentiu seus olhos encherem de lágrimas. – A culpa não é sua. Agora pode parar com esse discursinho clichê e me abraçar logo de uma vez?
Por mais irritado que estivesse Justin não suportava ver Melanie ou qualquer outra garota chorando, teve que passar meses escutando os choros de sua mãe depois do divorcio e isso gerou um grande trauma para o garoto. Ele era apenas uma criança impotente diante daquela situação, queria ajudar sua mãe, mas não tinha nada que pudesse fazer.
– Mel... Por favor, não chora – A abraçou carinhosamente pela cintura e logo os braços de Melanie estavam em volta do seu pescoço. – vai ficar tudo bem, não precisa chorar.
Dito isso um soluço escapou da garganta de Melanie, ela sabia que não ia ficar tudo bem e daquele dia em diante a tendência seria só piorar. Apertou seus braços em volta do garoto e agradeceu mentalmente por ele a estar segurando, naquele estado ela não chegaria nem até sua cama.
– Quer falar sobre isso depois? – Balançou a cabeça assentindo e logo afundou seu rosto no peito de Justin.
Com uma facilidade enorme Justin a envolveu em seus braços e a carregou até sua cama. Perderam a noção de quanto tempo ficaram ali, abraçados, somente sentindo suas respirações. Mas assim que o choro da garota cessou um sorriso, ainda meio tímido, ganhou forma em seus lábios.
– Por que você tem que ser assim? – Sua voz saiu rouca e Justin arqueou uma de suas sobrancelhas.
– Assim como? – Perguntou e Melanie acariciou seu rosto com uma das mãos.
– Você não devia ter vindo aqui Jus – Suspirou e colocou seu dedo indicador sobre os lábios do garoto o impedindo de fazer qualquer tipo de reclamação. – a notícia que tenho para te dar não é nem um pouco boa.
– Acho que sempre ficou obvio que você pode contar comigo, Mel – A voz de Justin era rouca e lenta proporcionando uma deliciosa carícia sobre a pele de Melanie. A garota estava extasiada com aquela sensação. – não importa o que aconteça. – Esfregou delicadamente seu nariz sobre o dela e finalizou com um leve beijo em sua testa.
Ele só pode fazer isso de propósito. Melanie pensou emburrada e fechou seus olhos, o que ela tinha para contar mesmo?
– Meus pais queriam conversar comigo ontem, depois que cheguei do hospital – Justin fitava seus olhos intensamente e percebeu que não seria interrompida dessa vez. – ele foi transferido para outra sede da empresa. – Murmurou e sentiu sua cintura ser apertada com mais força.
– Los Angeles? – Perguntou e sua voz já não era mais aveludada como antes.
Ah, como ela gostaria que fosse Los Angeles! Ficaria longe de Justin da mesma forma, mas pelo menos continuaria morando nos Estados Unidos, continuaria com sua vida na Califórnia, e não em um país desconhecido do outro lado do mundo.
– Não – Sussurrou escondendo seu rosto na curva do pescoço de Justin. – Alemanha.
[...]
Mesmo depois de quase uma hora ter se passado, Justin simplesmente não conseguia digerir aquela informação. O que aconteceria com os dois dali em diante? Como ele seguiria sua vida? Ou melhor, ele conseguiria seguir com ela sem que Melanie estivesse ao seu lado?
A garota era seu porto seguro, e mesmo que o relacionamento deles não desse certo já não conseguia mais imaginar um futuro sem que ela estivesse presente.
– Esses dias eu estava querendo mudar um pouco meu quarto – Melanie cortou os pensamentos de Justin e o garoto logo tratou de desviar sua atenção para ela. – tirar as estrelinhas do teto, trocar o papel de parede, mudar a cor dessas paredes, mas... Mas agora nem adianta. – Suspirou e deitou-se de lado.
– Nós podemos fazer isso ainda. – Justin disse e um sorriso fraquinho brotou nos lábios de Melly.
Seus pais certamente não conseguiriam se desfazer daquela casa, mesmo depois da mudança, e aquela seria uma ótima oportunidade para poder passar mais tempo com seu,hum, namorado.
Em um rápido movimento Justin agarra a garota pela cintura e a faz ficar deitada em cima dele. – Judith disse que você não comeu nada o dia inteiro – Melanie revira os olhos e apóia seu queixo no peito dele, deixando seus rostos ainda mais próximos. – É sério Mel, você tem que se alimentar direito.
– Foi só hoje. – Diz fraco e encara os lábios de Justin.
Timidamente leva uma de suas mãos até o rosto dele e contorna seus lábios com o polegar, mesmo depois de anos eles continuavam com a mesma textura de antes, e agora podia finalmente dizer que já tinha provado seu gosto.
O fruto proibido não era mais tão proibido assim, afinal.
Estava tão concentrada encarando aquela boca carnuda e avermelha em sua frente que nem sentiu Justin afagar seu rosto, muito menos suas bochechas esquentarem. A única coisa que sentia era a deliciosa carícia que recebia desde seus ombros até a altura do seu quadril, deixando sua pele entorpecida e seus sentidos extra-sensíveis.
Os olhos de Justin brilhavam e se Melanie não fosse tão distraída teria percebido isso, teria percebido que atrás daquele brilho todo o garoto com hormônios à flor da pele se escondia. E suas intenções não eram nem um pouco boas.
Bieber entreabriu seus lábios e envolveu o dedo de Melanie com a língua, uma carga de adrenalina foi despeja em suas correntes sanguíneas naquele momento e um gemido rouco escapou da garganta da mais nova. Envergonhada, fechou seus olhos e quebrou o contato entre seu dedo e a língua daquele maníaco, mas para a surpresa de Justin, Melanie umedeceu seus lábios e os abocanhou em um beijo estarrecedor.
Aquele dia estava sendo surpreendente.

outubro 10, 2012

Sparks Fly, capítulo 17 - Slow motion.


Entreguei algumas notas ao motorista e sai apressadamente do carro. A luz da sala estava acesa então meus pais provavelmente estavam assistindo algum programa juntos. Guardei meu celular na bolsa e limpei meus pés no tapete da porta, abri a mesma e como havia dito meus pais estavam ali, abraçados e conversando.
– Não se esqueça da Alemanha, Charlie. – Minha mãe disse preocupada e desviou seu olhar para mim assim que fechei a porta.
– O que tem a Alemanha? – Pergunto sorrindo e meus pais trocam um breve olhar.
Capítulo 17 – Slow motion.
When you're dreaming with a broken heart the giving up is the hardest part. She takes you in with her crying eyes then all at once you have to say goodbye wondering: could you stay my love? Will you wake up by my side? (Dreaming With a Broken Heart – John Mayer)
– Não importa, tenho novidades para contar. – Digo animada e me sento entre os dois. Chuto minhas botas para qualquer canto da sala e antes de escutar alguma reclamação de minha mãe, continuo. – Justin melhorou e vai receber alta amanhã, isso não é ótimo? – Pergunto sorrindo e minha mãe desvia seu olhar para parede enquanto meu pai suspira. Ok tem alguma coisa muito ruim acontecendo.
– Temos que conversar Mel. Na verdade já devíamos ter te contado isso há algum tempo. – Carly segura uma de minhas mãos e posso sentir seu olhar culpado pesando sobre mim.
– O que aconteceu? É alguma coisa muito grave?
– Não, mas nossas vidas vão mudar bastante. – Charlie se pronuncia pela primeira vez naquela noite e direciono meu olhar para ele ainda sem entender. – Algumas semanas atrás me deram a notícia de que seria transferido para outra sede da empresa, não contamos antes porque não era nada certo ainda. – Suspira. – Tentei conversar com meu chefe para saber o motivo dessa mudança e, talvez, conseguir convencê-lo a mudar de ideia, mas...
Mas ele não havia conseguido.
E tudo começou a acontecer em câmera lenta. Meu pai continuava falando, mas meu cérebro não conseguia absorver aquelas palavras, não conseguia entender o que estava acontecendo e simplesmente parou de tentar. Não escutava mais uma sílaba que saia de sua boca e minha mãe continuava segurando minha mão com força. Agora entendo o motivo da mudança repentina em relação à Justin, o motivo de estarem se comportando tão carinhosamente durante essas semanas. Eles iam nos afastar, outra vez.
Meu coração deu um solavanco assim que conseguiu juntar todas aquelas informações, o que aconteceria daqui para frente? E todos os planos que já tinha em mente para quando concluísse o ensino médio? E minha faculdade? E meu futuro? E Justin... O que aconteceria com nós dois? Agora que estávamos tão bem, por que o mundo tinha que ser tão injusto desse jeito? Nunca fiz mal a ninguém, posso até ter magoado alguns garotos com essa confusão que meu coração é, mas o que eu tinha feito de tão ruim assim?
Um nó se pôs no lugar da minha garganta e como já era de se esperar meus olhos começaram a queimar, meus lábios estavam cerrados em uma linha fina e os segurava entre os dentes tentando esconder o meu tremor. Com a respiração irregular abracei minhas pernas e escondi meu rosto entre os joelhos. Estava conseguido vencer minhas lágrimas, mas sabia que assim que aquela conversa terminasse minha única saída seria me afundar debaixo das cobertas e chorar até o dia seguinte.
Carly afagou meus cabelos e me abraçou pelos ombros. Sentia falta disso, falta de ter uma mãe, e por mais que às vezes aparentasse ser auto-suficiente precisava desse carinho, precisava do seu colo e todo dia me culpava por ser o motivo desse afastamento. Meus pais não tinham culpa de nada, só queriam o melhor para mim, só queriam proteger sua única filha.
– Temos que partir para Alemanha no início de Janeiro. – E dito isso um soluço estridente escapa de minha garganta junto com as lágrimas sorrateiras que fugiram de meus olhos fazendo questão de marcar meu rosto.
Não sei quanto tempo fiquei ali, sendo acolhida pela minha mãe enquanto chorava, a única coisa que me lembro foi de apagarem a luz da sala e de minhas pernas serem esticadas no lugar em que meu pai estava sentado. Carly estava deitada atrás de mim e continuava afagando meus cabelos loiros que eram praticamente idênticos aos seus, e por mais que o sofá não fosse tão grande me sentia confortável. Confortável e protegida.
[...]
Não fui à escola no dia seguinte, ignorei todas as ligações e mensagens que recebi de Caitlin, Annie e Justin. Minha única vontade era de permanecer debaixo das cobertas e só levantar quando alguém aparecesse dizendo que aquilo tinha sido uma brincadeira de mau gosto, ou um sonho. No caso, um pesadelo.
Mas sabia que isso não ia acontecer.
Meu rosto estava vermelho, meu cabelo todo desgrenhado e meu antigo pijama de flanela com estampa de coelhinhos era a melhor roupa existente em meu closet.
Meu estado era deplorável e patético ao mesmo tempo, se é que isso é possível.
Judith a cada meia hora aparecia segurando uma bandeja recheada com minhas comidas preferidas, mas recusava tudo que era oferecido e pedia para que me deixasse sozinha. Não estava sendo mal educada, só queria um tempo para colocar minha cabeça no lugar, mas eles não conseguiam entender isso. Eu ficaria bem, afinal, sempre fico.
You have my heart, you had it from the start
I love you from afar…
Droga de música. Resmungo e tiro meu celular debaixo do travesseiro. Justin, pelaquinquagésima vez. E pela quinquagésima vez recuso sua ligação. Por que tinha que ser tão insistente?
Depois de cinco minutos aquela porcaria volta a vibrar e passo meu dedo na tela para desbloqueá-la.
Pare Justin, pare agora! Peço mentalmente e tentando segurar o choro aperto na caixa de entrada.
O que está acontecendo Mel?
Pensei que depois de ontem nós estivéssemos bem...
Por que não me responde? Estou preocupado contigo, minha pequena.
Me responda assim que ler essa mensagem, por favor!
– Também pensei que estivéssemos bem Jus. – Sussurro e afundo meu rosto no travesseiro. Não chore Mel, não chore! Meu subconsciente pedia, pedia não, implorava.Droga! Porque ele tinha que me chamar de pequena e ser tão atencioso?
Deitada de lado, abraço meus joelhos e seguro meu celular com uma das mãos. Releio sua mensagem várias vezes seguidas, mas seria melhor não respondê-lo. Não quero que Justin me veja chorando, ainda mais com um pijama ridículo desses.
Tenho lembranças vagas de alguns momentos que passamos juntos, ainda quando crianças, e abraço meu travesseiro sorrindo.
Devo estar de TPM, chorar e sorri ao mesmo tempo não é uma coisa muito normal.
Fecho meus olhos com força e acabo me entregando a essas lembranças.
* * *
– Justin, seu cabeçudo, volta aqui agora! – Gritava e corria atrás do garoto dois anos mais velho que eu. Bieber fazia questão se segurar minha boneca bem no alto enquanto corria em círculos em volta da praça que ficava a algumas quadras de nossas casas.
Nossas mães estavam sentadas em um banco de cimento qualquer e a conversa delas parecia ser bem mais interessante do que ajudar uma garotinha, de seis anos, á resgatar uma de suas bonecas preferidas.
Justin sempre arrancava a cabeça delas.
E eu sempre acabava chorando.
– Tente pegar, pirralha. – Soltou uma risada e começou a correr mais rápido. Tentava acompanhar seu passo, mas era praticamente impossível, ainda mais com aqueles vestidinhos e sapatinhos que minha mãe me convencia a colocar em troca de chocolates.
De repente paro de correr e sento no chão. Justin continua correndo, mas assim que percebe que não estava mais atrás dele apóia suas mãos no joelho e respira apreçado.
Aquele garoto era uma peste!
– Sabia que não ia conseguir ganhar de mim, não é nanica? – Sorri divertido e cruzo meus braços emburrada. – O neném vai chorar, é? – Faço força para desfazer o biquinho que se formava em meus lábios e Justin fica parado na minha frente.
– Devolva ou conto para tia Pattie que quem matou o Larry foi você e não a falta de comida. – Sorrio esticando meus braços na sua direção e o vejo revirar os olhos. – Você matou um peixe Jus, podia ter sido preso e na cadeia nós não podemos comer doces. – Meu sorriso se alarga quando o rosto de Justin fica vermelho e o mesmo devolve minha boneca.
Quem é o neném chorão agora? Boboca!
– Só queria brincar um pouco, pensei que ele respirasse fora d’água.
* * *
Começo a gargalhar quando abro meus olhos.
A peste na verdade sempre fui eu, Justin comia na minha mão quando éramos crianças e seus dois anos a mais nunca lhe favoreceram. Bem diferente do que acontece agora, só de escutar sua voz perco totalmente meus sentidos e me entregue a ele em um piscar de olhos.
Porcaria de sentimentos!
Como lidaria com eles estando a quilômetros de distância do único garoto que consegue fazer meu coração acelerar com apenas um sorriso?
Como lidaria com tudo isso? Como Justin reagiria quando recebesse essa notícia?
Argh, malditas perguntas!
O som dos punhos fechados de Judith contra a porta ecoou pelo meu quarto, e instantaneamente levantei-me da cama em um pulo. Gritei um “Já vai” enquanto calçava minhas botas australianas e caminhei até a porta suspirando.
Talvez um de seus bolos me fizesse bem agora.
– Que porra está acontecendo?
– Como... Como você... Quem te deixou entrar? – Murmurei exasperada. Afinal de contas, não era Judith que batia incessantemente em minha porta.
outubro 06, 2012

Sparks Fly, capítulo 16 - Bubble.


E de repente os móveis brancos e sem vida do quarto não existiam mais, as sirenes das ambulâncias que chegavam a cada meio minuto no hospital pararam de soar, estávamos em um lugar nosso, um lugar só nosso e a única coisa que nos importava era acabar com aquela saudade toda que estávamos sentindo, naquele lugar nossos corações acelerados e nossas respirações descompassadas eram as músicas mais doces e melódicas existentes. Nossa única preocupação era demonstrar o nosso amor, um amor tão grande e tão bonito que chegava machucar nosso peito.
Capítulo 16 – Bubble.
Touching him was like realizing all you ever wanted was right there in front of you, memorizing him was as easy as knowing all the words to your old favorite song. Fighting with him was like trying to solve a crossword and realizing there’s no right answer, regretting him was like wishing you had never found out that love could be that strong. 
(Red – Taylor Swift)
E aqui estou eu, há mais de meia hora em uma fila imensa de um McDonald's afastado por apenas quatro quadras do hospital. E adivinhe para que? Burlar a dieta que a médica de Justin tinha lhe passado, levar comida clandestina para aquele morto de fome.
Comprei um Big Mac com algumas fritas e nuggets de acompanhamento, uma torta de morango com chocolate como sobremesa e uma garrafa de um litro de Coca-Cola – já que seria o único jeito de guardar em minha bolsa sem sujar tudo –, comprei um Frappé de caramelo para mim e terminei antes mesmo de chegar ao hospital.
Assim que passei pelo olhar inquisitivo da moça da recepção – que pediu incessantemente para que deixa-se a bolsa com ela –, caminhei rapidamente até o quarto de Justin.
Aquele garoto me paga!
– É bom que você como até a embalagem desse hambúrguer. – Disse depois de fechar a porta do quarto e lhe entregar a bolsa com sua comida. Justin sorria como uma criança que acabara de ganhar seu tão esperado presente de natal e foi impossível não rir daquela cena. – Pare de ser exagerado Jus, até parece que eles não te alimentam nesse lugar. – Ainda rindo tiro minhas botas e sento com as pernas cruzadas (indinho) nos pés da cama, Justin se põe da mesma forma e ficamos um de frente ao outro.
– Eles me fazem tomar sopa Melly, é tortura demais. – Resmunga fazendo um biquinho extremamente fofo e coloca o pacote bege com desenhos vermelhos em cima das minhas pernas. Fofo e folgado. – Onde está meu sorvete? – Pergunta com as sobrancelhas arquedas depois de analisar o conteúdo do pacote e cruzo meus braços, ele só pode estar brincando.
– Quer mesmo que eu diga?
– Só estava brincando. – Murmurou e finalmente abre a embalagem em que seu precioso hambúrguer se encontrava. Os olhos do garoto brilharam e pela primeira vez na vida senti ciúmes de um pedaço de pão e carne. Justin fecha os olhos pronto à dar a primeira mordida, mas de repente para e olha faceiro em minha direção. – Quer um pedaço? – Pergunta colocando o hambúrguer perto do meu rosto e antes mesmo de ter tempo de responder Justin continua. – Vai ficar querendo. – Solta uma gargalhada e abocanha seu lanche.
– HA-HA-HA estou morrendo de rir, que engraçadão que você é Justin! – Debocho revirando os olhos e suas risadas aumentam. Que tipo de remédio esse garoto anda tomando?
Aos poucos suas risadas foram cessando e gostava de vê-lo feliz e brincalhão daquela forma. Justin era um furacão, por onde passava deixava seu rastro de alegria e quando teve que se afastar de São Francisco muitos sentiram sua falta.
Estávamos imersos naquela mesma bolha que até á alguns dias considerava de “ilusão”, mas agora era diferente, me sentia diferente e todo aquele medo de perder nossa amizade havia evaporado. Nossas brincadeiras e piadas internas, nosso amor, nossos gostos, tudo continuava do mesmo jeito, só demoramos tempo demais até perceber que não tinha outra forma a não ser nos entregarmos á essa loucura.
– Você está todo sujo, Justin. – Sorrio pegando um guardanapo e limpo o canto da sua boca.
– Porque não me beija? É mais fácil.
– Não estou com vontade. – Digo despreocupada e ergo meus ombros, Justin arqueia uma de suas sobrancelhas e me fita intensamente.
– Então só me beija quando está com vontade? – Balanço a cabeça como se fosse uma pergunta obvia e sinto minhas pernas sendo puxadas. Quando me dou conta já estou sentada em seu colo com as penas em volta da sua cintura e com minhas mãos apoiadas e seu peitoral.
– Abusado. – Resmungo roçando delicadamente nossos narizes e aquele sorriso que tanto amo volta a estampar seu rosto.
– O que tenho que fazer para ganhar seus beijos? – Segura minha cintura com uma das mãos e com a outra massageia deliciosamente minha nunca.
– Parar de fazer tantas perguntas. – Sussurro e em questão de segundos sinto seus lábios sendo prensados contra os meus.
Cada beijo era diferente, cada sensação era nova, mas seu gosto sempre continuava delicioso como antes. Nunca senti essa vontade de beijar um garoto durante horas como sinto quando estou perto de Justin, minha pele implorava pelo seu toque cada vez que nos víamos, implorava por um contado maior, mas era cedo demais parar pensar em coisas desse tipo. Nem namorados nós éramos ainda.
Para mim os beijos que trocamos com alguma pessoa sempre são a resposta para o que estamos sentindo por ela e com Justin cada beijo é como se fosse o meu primeiro. Meu coração sofre de tão acelerado que fica, minha respiração fica totalmente descontrolada e minhas mãos, mesmo estando frias conseguem soar.
E ai consigo perceber que tudo aquilo que sentíamos quando estávamos perto de umpaquera nova era uma fase de treinamento. Todas as palavras que sumiam de nossas bocas – por mais que fosse o nosso subconsciente nos dando uma ajudinha “Ei garota, fique quieta. Não diga bobagens!” – era o que mais fazíamos. Todo aquele desespero e aquelas sensações estranhas que sentíamos quando trocávamos simples e singelos olhares... Tudo foi simplesmente uma fase de treinamento para não sermos pegas desprevenidas no nível seguinte, o amor. O amor que finalmente resolve bater em nossas portas. Por que se com uma paquera já era difícil imagine com o garoto que amamos?
– Estou voltando a reconsiderar sua proposta de passar essa noite aqui comigo. – Bieber diz manhoso e esconde seu rosto entre meus cabelos, suspira contra meu pescoço e logo sinto a região atingida ficar arrepiada.
– Você definitivamente não presta Justin Bieber. – Reviro os olhos tentando segurar um sorriso e empurro seu ombro de leve. – Tenho que voltar para casa antes que meu pai mande a polícia atrás de mim e não quero passar por essa experiência de novo. – Digo e sinto suas mãos me segurarem mais forte contra seu corpo.
– Não vai agora. Espere pelo menos minha mãe chegar. – Me encara com seus olhos pidões e acabo aceitando sua proposta. Afinal, quem não aceitaria?
[...]
– Você vem me buscar amanhã cedo? – Justin pergunta me abraçando forte e quando estava formulando uma desculpa para dar Pattie me salva. Tinha aula de manhã e por mais que quisesse não tinha como.
– Claro que não, Melanie tem aula e já teve que te aturar demais essa tarde. – Pattie brinca e Justin revira os olhos.
– Aposto que ela adorou ter que me aturar. – O repreendo pelo olhar e um sorriso malicioso delineia seus lábios.
– O que esse pacote de lanches do McDonald's está fazendo aqui? – Pattie encara Justin mortalmente e caminho rapidamente até a porta.
– Nos vemos amanhã. – Sorrio ironicamente para ele e fecho a porta do quarto antes de ter que escutar a bronca que Pattie provavelmente lhe daria.
Assim que sai do hospital sentei-me em um dos bancos de cimento e esperei pacientemente até algum taxi aparecer. Conectei o fome de ouvido em meu iPhone e coloquei em uma playlist qualquer, só queria distrair minha mente.
You have my heart, you had it from the start
I love you from afar…
(Você tem meu coração, você teve desde o início)
(Eu amo você de longe...)
Near or Far, Carissa Rae. Uma música realmente muito bonita sem contar que me fazia sorrir toda vez que escutava.
I hear them say
That what we have may fade away but I refuse
We’ll never lose
(Escuto-os dizendo)
(Que o que temos pode desaparer, mas eu recuso)
(Nós nunca perderemos)
Entrei no primeiro taxi que apareceu e passei meu endereço ao motorista, minha casa não era muito longe e estava grata por isso. Meu corpo implorava por um banho e uma cama bem quentinha, sem falar em meu estômago que se contorcia desesperadamente dentro de mim.
Flashes da tarde que havia passado com Justin apareciam em minha cabeça e algumas vezes – muitas vezes – durante o caminho me pega sorrindo igual uma idiota.
Era uma noite bastante fria, tanto que dentro do carro ficava soltando o ar pela boca para ver as fumaçinhas que saiam. Essa era uma das únicas coisas legais do inverno.
They say
It’s a case of the honeymoon phase but I just smile
Because I know this will last a while.
(Eles dizem)
(Que é uma fase de lua de mel, mas eu apenas sorrio)
(Porque sei que vai durar um tempo)
Entreguei algumas notas ao motorista e sai apressadamente do carro. A luz da sala estava acesa então meus pais provavelmente estavam assistindo algum programa juntos. Guardei meu celular na bolsa e limpei meus pés no tapete da porta, abri a mesma e como havia dito meus pais estavam ali, abraçados e conversando.
– Não se esqueça da Alemanha, Charlie. – Minha mãe disse preocupada e desviou seu olhar para mim assim que fechei a porta.
– O que tem a Alemanha? – Pergunto sorrindo e meus pais trocam um breve olhar.
Understand you'll make mistakes
But love won't stop, it has no breaks
(Entendo que você cometerá erros)
(Mas o amor não para, não tem pausas)