outubro 16, 2012

Sparks Fly, capítulo 18 - Achilles heel.


O som dos punhos fechados de Judith contra a porta ecoou pelo meu quarto, e instantaneamente levantei-me da cama. Gritei um “Já vai” enquanto calçava minhas botas australianas e caminhei até a porta suspirando.
Talvez um de seus bolos me fizesse bem agora.
– Que porra está acontecendo?
– Como... Como você... Quem te deixou entrar? – Murmurei exasperada. Afinal de contas, não era Judith que batia incessantemente em minha porta.
Capítulo 18 – Achilles heel.
This is a state of grace, this is a worthwhile fight. Love is a ruthless game unless you play it good and right. These are the hands of fate. You’re my Achilles heel, this is the golden age of something good and right and real. (State of Grace – Taylor Swift)
Melanie tentava com todas as forças segurar suas lágrimas. Chorar na frente de Justin não ajudaria em nada – por mais que essa fosse sua vontade –, e naquele momento ele era a última pessoa que a garota gostaria de ver em sua frente.
Não estava pronta para contar que quando o próximo ano chegasse, ela teria que morar em outro país. Teria que se acostumar com pessoas jamais vistas, cultura e costumes totalmente diferentes dos seus, e tudo isso longe de Justin.
Em outras circunstâncias a garota abraçaria aquela oportunidade, colocar seus pés americanos em território europeu sempre foi seu grande sonho, mas nunca pensou em se afastar por mais de três ou talvez até cinco meses. A possibilidade de algum dia morar fora dos Estados Unidos nunca passou pela sua cabeça e agora isso era o que mais lhe atormentava. Melanie tinha uma vida em São Francisco e não trocaria essa cidade por nenhum outro país do mundo.
Mantinha seus olhos fixos em Justin, e ele, por sua vez, continuava com os braços apoiados em cada lado da porta deixando a garota sem nenhuma rota de fuga, e até aquele ponto ela já não sabia mais se valia à pena tentar fugir. Havia tentado durante a manhã toda e agora Justin estava parado na porta do seu quarto com uma expressão nada boa, por sinal.
– Melanie, me diga o que está acontecendo.
Sua voz era suave, mas qualquer pessoa que escutasse saberia que Justin estava tentando deixar sua raiva de lado. Não sabia o que estava acontecendo com Melanie e isso deixava o garoto ainda mais angustiado. Ele teria feito alguma coisa errada? Teria dito alguma coisa que não devia? Ela teria mudado de ideia em relação a eles?
– Não está acontecendo nada – Sussurrou desviando seus olhos para o chão e deu um paço para trás. – só quero ficar sozinha.
– Não vou sair daqui até saber o que está acontecendo. – Justin elevou o tom de sua voz e Melanie encolheu seus ombros. Ele nunca havia falado com ela daquele jeito. – Passei a manhã inteira tentando lembrar em alguma coisa que tenha feito de errado, relembrando nossas conversas no hospital para saber se tinha falado alguma coisa que não devia e então achar um motivo para você estar se comportando dessa forma. E agora que estou aqui, tentando entender o que está acontecendo, você me diz que só quer ficar sozinha? Que não está acontecendo nada de errado? Antes de tudo sou seu melhr...
– Melhor amigo, conheço você melhor do que qualquer outra pessoa e blá, blá, blá... – Interrompeu bruscamente o sermão de Justin e respirou fundo assim que sentiu seus olhos encherem de lágrimas. – A culpa não é sua. Agora pode parar com esse discursinho clichê e me abraçar logo de uma vez?
Por mais irritado que estivesse Justin não suportava ver Melanie ou qualquer outra garota chorando, teve que passar meses escutando os choros de sua mãe depois do divorcio e isso gerou um grande trauma para o garoto. Ele era apenas uma criança impotente diante daquela situação, queria ajudar sua mãe, mas não tinha nada que pudesse fazer.
– Mel... Por favor, não chora – A abraçou carinhosamente pela cintura e logo os braços de Melanie estavam em volta do seu pescoço. – vai ficar tudo bem, não precisa chorar.
Dito isso um soluço escapou da garganta de Melanie, ela sabia que não ia ficar tudo bem e daquele dia em diante a tendência seria só piorar. Apertou seus braços em volta do garoto e agradeceu mentalmente por ele a estar segurando, naquele estado ela não chegaria nem até sua cama.
– Quer falar sobre isso depois? – Balançou a cabeça assentindo e logo afundou seu rosto no peito de Justin.
Com uma facilidade enorme Justin a envolveu em seus braços e a carregou até sua cama. Perderam a noção de quanto tempo ficaram ali, abraçados, somente sentindo suas respirações. Mas assim que o choro da garota cessou um sorriso, ainda meio tímido, ganhou forma em seus lábios.
– Por que você tem que ser assim? – Sua voz saiu rouca e Justin arqueou uma de suas sobrancelhas.
– Assim como? – Perguntou e Melanie acariciou seu rosto com uma das mãos.
– Você não devia ter vindo aqui Jus – Suspirou e colocou seu dedo indicador sobre os lábios do garoto o impedindo de fazer qualquer tipo de reclamação. – a notícia que tenho para te dar não é nem um pouco boa.
– Acho que sempre ficou obvio que você pode contar comigo, Mel – A voz de Justin era rouca e lenta proporcionando uma deliciosa carícia sobre a pele de Melanie. A garota estava extasiada com aquela sensação. – não importa o que aconteça. – Esfregou delicadamente seu nariz sobre o dela e finalizou com um leve beijo em sua testa.
Ele só pode fazer isso de propósito. Melanie pensou emburrada e fechou seus olhos, o que ela tinha para contar mesmo?
– Meus pais queriam conversar comigo ontem, depois que cheguei do hospital – Justin fitava seus olhos intensamente e percebeu que não seria interrompida dessa vez. – ele foi transferido para outra sede da empresa. – Murmurou e sentiu sua cintura ser apertada com mais força.
– Los Angeles? – Perguntou e sua voz já não era mais aveludada como antes.
Ah, como ela gostaria que fosse Los Angeles! Ficaria longe de Justin da mesma forma, mas pelo menos continuaria morando nos Estados Unidos, continuaria com sua vida na Califórnia, e não em um país desconhecido do outro lado do mundo.
– Não – Sussurrou escondendo seu rosto na curva do pescoço de Justin. – Alemanha.
[...]
Mesmo depois de quase uma hora ter se passado, Justin simplesmente não conseguia digerir aquela informação. O que aconteceria com os dois dali em diante? Como ele seguiria sua vida? Ou melhor, ele conseguiria seguir com ela sem que Melanie estivesse ao seu lado?
A garota era seu porto seguro, e mesmo que o relacionamento deles não desse certo já não conseguia mais imaginar um futuro sem que ela estivesse presente.
– Esses dias eu estava querendo mudar um pouco meu quarto – Melanie cortou os pensamentos de Justin e o garoto logo tratou de desviar sua atenção para ela. – tirar as estrelinhas do teto, trocar o papel de parede, mudar a cor dessas paredes, mas... Mas agora nem adianta. – Suspirou e deitou-se de lado.
– Nós podemos fazer isso ainda. – Justin disse e um sorriso fraquinho brotou nos lábios de Melly.
Seus pais certamente não conseguiriam se desfazer daquela casa, mesmo depois da mudança, e aquela seria uma ótima oportunidade para poder passar mais tempo com seu,hum, namorado.
Em um rápido movimento Justin agarra a garota pela cintura e a faz ficar deitada em cima dele. – Judith disse que você não comeu nada o dia inteiro – Melanie revira os olhos e apóia seu queixo no peito dele, deixando seus rostos ainda mais próximos. – É sério Mel, você tem que se alimentar direito.
– Foi só hoje. – Diz fraco e encara os lábios de Justin.
Timidamente leva uma de suas mãos até o rosto dele e contorna seus lábios com o polegar, mesmo depois de anos eles continuavam com a mesma textura de antes, e agora podia finalmente dizer que já tinha provado seu gosto.
O fruto proibido não era mais tão proibido assim, afinal.
Estava tão concentrada encarando aquela boca carnuda e avermelha em sua frente que nem sentiu Justin afagar seu rosto, muito menos suas bochechas esquentarem. A única coisa que sentia era a deliciosa carícia que recebia desde seus ombros até a altura do seu quadril, deixando sua pele entorpecida e seus sentidos extra-sensíveis.
Os olhos de Justin brilhavam e se Melanie não fosse tão distraída teria percebido isso, teria percebido que atrás daquele brilho todo o garoto com hormônios à flor da pele se escondia. E suas intenções não eram nem um pouco boas.
Bieber entreabriu seus lábios e envolveu o dedo de Melanie com a língua, uma carga de adrenalina foi despeja em suas correntes sanguíneas naquele momento e um gemido rouco escapou da garganta da mais nova. Envergonhada, fechou seus olhos e quebrou o contato entre seu dedo e a língua daquele maníaco, mas para a surpresa de Justin, Melanie umedeceu seus lábios e os abocanhou em um beijo estarrecedor.
Aquele dia estava sendo surpreendente.

outubro 10, 2012

Sparks Fly, capítulo 17 - Slow motion.


Entreguei algumas notas ao motorista e sai apressadamente do carro. A luz da sala estava acesa então meus pais provavelmente estavam assistindo algum programa juntos. Guardei meu celular na bolsa e limpei meus pés no tapete da porta, abri a mesma e como havia dito meus pais estavam ali, abraçados e conversando.
– Não se esqueça da Alemanha, Charlie. – Minha mãe disse preocupada e desviou seu olhar para mim assim que fechei a porta.
– O que tem a Alemanha? – Pergunto sorrindo e meus pais trocam um breve olhar.
Capítulo 17 – Slow motion.
When you're dreaming with a broken heart the giving up is the hardest part. She takes you in with her crying eyes then all at once you have to say goodbye wondering: could you stay my love? Will you wake up by my side? (Dreaming With a Broken Heart – John Mayer)
– Não importa, tenho novidades para contar. – Digo animada e me sento entre os dois. Chuto minhas botas para qualquer canto da sala e antes de escutar alguma reclamação de minha mãe, continuo. – Justin melhorou e vai receber alta amanhã, isso não é ótimo? – Pergunto sorrindo e minha mãe desvia seu olhar para parede enquanto meu pai suspira. Ok tem alguma coisa muito ruim acontecendo.
– Temos que conversar Mel. Na verdade já devíamos ter te contado isso há algum tempo. – Carly segura uma de minhas mãos e posso sentir seu olhar culpado pesando sobre mim.
– O que aconteceu? É alguma coisa muito grave?
– Não, mas nossas vidas vão mudar bastante. – Charlie se pronuncia pela primeira vez naquela noite e direciono meu olhar para ele ainda sem entender. – Algumas semanas atrás me deram a notícia de que seria transferido para outra sede da empresa, não contamos antes porque não era nada certo ainda. – Suspira. – Tentei conversar com meu chefe para saber o motivo dessa mudança e, talvez, conseguir convencê-lo a mudar de ideia, mas...
Mas ele não havia conseguido.
E tudo começou a acontecer em câmera lenta. Meu pai continuava falando, mas meu cérebro não conseguia absorver aquelas palavras, não conseguia entender o que estava acontecendo e simplesmente parou de tentar. Não escutava mais uma sílaba que saia de sua boca e minha mãe continuava segurando minha mão com força. Agora entendo o motivo da mudança repentina em relação à Justin, o motivo de estarem se comportando tão carinhosamente durante essas semanas. Eles iam nos afastar, outra vez.
Meu coração deu um solavanco assim que conseguiu juntar todas aquelas informações, o que aconteceria daqui para frente? E todos os planos que já tinha em mente para quando concluísse o ensino médio? E minha faculdade? E meu futuro? E Justin... O que aconteceria com nós dois? Agora que estávamos tão bem, por que o mundo tinha que ser tão injusto desse jeito? Nunca fiz mal a ninguém, posso até ter magoado alguns garotos com essa confusão que meu coração é, mas o que eu tinha feito de tão ruim assim?
Um nó se pôs no lugar da minha garganta e como já era de se esperar meus olhos começaram a queimar, meus lábios estavam cerrados em uma linha fina e os segurava entre os dentes tentando esconder o meu tremor. Com a respiração irregular abracei minhas pernas e escondi meu rosto entre os joelhos. Estava conseguido vencer minhas lágrimas, mas sabia que assim que aquela conversa terminasse minha única saída seria me afundar debaixo das cobertas e chorar até o dia seguinte.
Carly afagou meus cabelos e me abraçou pelos ombros. Sentia falta disso, falta de ter uma mãe, e por mais que às vezes aparentasse ser auto-suficiente precisava desse carinho, precisava do seu colo e todo dia me culpava por ser o motivo desse afastamento. Meus pais não tinham culpa de nada, só queriam o melhor para mim, só queriam proteger sua única filha.
– Temos que partir para Alemanha no início de Janeiro. – E dito isso um soluço estridente escapa de minha garganta junto com as lágrimas sorrateiras que fugiram de meus olhos fazendo questão de marcar meu rosto.
Não sei quanto tempo fiquei ali, sendo acolhida pela minha mãe enquanto chorava, a única coisa que me lembro foi de apagarem a luz da sala e de minhas pernas serem esticadas no lugar em que meu pai estava sentado. Carly estava deitada atrás de mim e continuava afagando meus cabelos loiros que eram praticamente idênticos aos seus, e por mais que o sofá não fosse tão grande me sentia confortável. Confortável e protegida.
[...]
Não fui à escola no dia seguinte, ignorei todas as ligações e mensagens que recebi de Caitlin, Annie e Justin. Minha única vontade era de permanecer debaixo das cobertas e só levantar quando alguém aparecesse dizendo que aquilo tinha sido uma brincadeira de mau gosto, ou um sonho. No caso, um pesadelo.
Mas sabia que isso não ia acontecer.
Meu rosto estava vermelho, meu cabelo todo desgrenhado e meu antigo pijama de flanela com estampa de coelhinhos era a melhor roupa existente em meu closet.
Meu estado era deplorável e patético ao mesmo tempo, se é que isso é possível.
Judith a cada meia hora aparecia segurando uma bandeja recheada com minhas comidas preferidas, mas recusava tudo que era oferecido e pedia para que me deixasse sozinha. Não estava sendo mal educada, só queria um tempo para colocar minha cabeça no lugar, mas eles não conseguiam entender isso. Eu ficaria bem, afinal, sempre fico.
You have my heart, you had it from the start
I love you from afar…
Droga de música. Resmungo e tiro meu celular debaixo do travesseiro. Justin, pelaquinquagésima vez. E pela quinquagésima vez recuso sua ligação. Por que tinha que ser tão insistente?
Depois de cinco minutos aquela porcaria volta a vibrar e passo meu dedo na tela para desbloqueá-la.
Pare Justin, pare agora! Peço mentalmente e tentando segurar o choro aperto na caixa de entrada.
O que está acontecendo Mel?
Pensei que depois de ontem nós estivéssemos bem...
Por que não me responde? Estou preocupado contigo, minha pequena.
Me responda assim que ler essa mensagem, por favor!
– Também pensei que estivéssemos bem Jus. – Sussurro e afundo meu rosto no travesseiro. Não chore Mel, não chore! Meu subconsciente pedia, pedia não, implorava.Droga! Porque ele tinha que me chamar de pequena e ser tão atencioso?
Deitada de lado, abraço meus joelhos e seguro meu celular com uma das mãos. Releio sua mensagem várias vezes seguidas, mas seria melhor não respondê-lo. Não quero que Justin me veja chorando, ainda mais com um pijama ridículo desses.
Tenho lembranças vagas de alguns momentos que passamos juntos, ainda quando crianças, e abraço meu travesseiro sorrindo.
Devo estar de TPM, chorar e sorri ao mesmo tempo não é uma coisa muito normal.
Fecho meus olhos com força e acabo me entregando a essas lembranças.
* * *
– Justin, seu cabeçudo, volta aqui agora! – Gritava e corria atrás do garoto dois anos mais velho que eu. Bieber fazia questão se segurar minha boneca bem no alto enquanto corria em círculos em volta da praça que ficava a algumas quadras de nossas casas.
Nossas mães estavam sentadas em um banco de cimento qualquer e a conversa delas parecia ser bem mais interessante do que ajudar uma garotinha, de seis anos, á resgatar uma de suas bonecas preferidas.
Justin sempre arrancava a cabeça delas.
E eu sempre acabava chorando.
– Tente pegar, pirralha. – Soltou uma risada e começou a correr mais rápido. Tentava acompanhar seu passo, mas era praticamente impossível, ainda mais com aqueles vestidinhos e sapatinhos que minha mãe me convencia a colocar em troca de chocolates.
De repente paro de correr e sento no chão. Justin continua correndo, mas assim que percebe que não estava mais atrás dele apóia suas mãos no joelho e respira apreçado.
Aquele garoto era uma peste!
– Sabia que não ia conseguir ganhar de mim, não é nanica? – Sorri divertido e cruzo meus braços emburrada. – O neném vai chorar, é? – Faço força para desfazer o biquinho que se formava em meus lábios e Justin fica parado na minha frente.
– Devolva ou conto para tia Pattie que quem matou o Larry foi você e não a falta de comida. – Sorrio esticando meus braços na sua direção e o vejo revirar os olhos. – Você matou um peixe Jus, podia ter sido preso e na cadeia nós não podemos comer doces. – Meu sorriso se alarga quando o rosto de Justin fica vermelho e o mesmo devolve minha boneca.
Quem é o neném chorão agora? Boboca!
– Só queria brincar um pouco, pensei que ele respirasse fora d’água.
* * *
Começo a gargalhar quando abro meus olhos.
A peste na verdade sempre fui eu, Justin comia na minha mão quando éramos crianças e seus dois anos a mais nunca lhe favoreceram. Bem diferente do que acontece agora, só de escutar sua voz perco totalmente meus sentidos e me entregue a ele em um piscar de olhos.
Porcaria de sentimentos!
Como lidaria com eles estando a quilômetros de distância do único garoto que consegue fazer meu coração acelerar com apenas um sorriso?
Como lidaria com tudo isso? Como Justin reagiria quando recebesse essa notícia?
Argh, malditas perguntas!
O som dos punhos fechados de Judith contra a porta ecoou pelo meu quarto, e instantaneamente levantei-me da cama em um pulo. Gritei um “Já vai” enquanto calçava minhas botas australianas e caminhei até a porta suspirando.
Talvez um de seus bolos me fizesse bem agora.
– Que porra está acontecendo?
– Como... Como você... Quem te deixou entrar? – Murmurei exasperada. Afinal de contas, não era Judith que batia incessantemente em minha porta.
outubro 06, 2012

Sparks Fly, capítulo 16 - Bubble.


E de repente os móveis brancos e sem vida do quarto não existiam mais, as sirenes das ambulâncias que chegavam a cada meio minuto no hospital pararam de soar, estávamos em um lugar nosso, um lugar só nosso e a única coisa que nos importava era acabar com aquela saudade toda que estávamos sentindo, naquele lugar nossos corações acelerados e nossas respirações descompassadas eram as músicas mais doces e melódicas existentes. Nossa única preocupação era demonstrar o nosso amor, um amor tão grande e tão bonito que chegava machucar nosso peito.
Capítulo 16 – Bubble.
Touching him was like realizing all you ever wanted was right there in front of you, memorizing him was as easy as knowing all the words to your old favorite song. Fighting with him was like trying to solve a crossword and realizing there’s no right answer, regretting him was like wishing you had never found out that love could be that strong. 
(Red – Taylor Swift)
E aqui estou eu, há mais de meia hora em uma fila imensa de um McDonald's afastado por apenas quatro quadras do hospital. E adivinhe para que? Burlar a dieta que a médica de Justin tinha lhe passado, levar comida clandestina para aquele morto de fome.
Comprei um Big Mac com algumas fritas e nuggets de acompanhamento, uma torta de morango com chocolate como sobremesa e uma garrafa de um litro de Coca-Cola – já que seria o único jeito de guardar em minha bolsa sem sujar tudo –, comprei um Frappé de caramelo para mim e terminei antes mesmo de chegar ao hospital.
Assim que passei pelo olhar inquisitivo da moça da recepção – que pediu incessantemente para que deixa-se a bolsa com ela –, caminhei rapidamente até o quarto de Justin.
Aquele garoto me paga!
– É bom que você como até a embalagem desse hambúrguer. – Disse depois de fechar a porta do quarto e lhe entregar a bolsa com sua comida. Justin sorria como uma criança que acabara de ganhar seu tão esperado presente de natal e foi impossível não rir daquela cena. – Pare de ser exagerado Jus, até parece que eles não te alimentam nesse lugar. – Ainda rindo tiro minhas botas e sento com as pernas cruzadas (indinho) nos pés da cama, Justin se põe da mesma forma e ficamos um de frente ao outro.
– Eles me fazem tomar sopa Melly, é tortura demais. – Resmunga fazendo um biquinho extremamente fofo e coloca o pacote bege com desenhos vermelhos em cima das minhas pernas. Fofo e folgado. – Onde está meu sorvete? – Pergunta com as sobrancelhas arquedas depois de analisar o conteúdo do pacote e cruzo meus braços, ele só pode estar brincando.
– Quer mesmo que eu diga?
– Só estava brincando. – Murmurou e finalmente abre a embalagem em que seu precioso hambúrguer se encontrava. Os olhos do garoto brilharam e pela primeira vez na vida senti ciúmes de um pedaço de pão e carne. Justin fecha os olhos pronto à dar a primeira mordida, mas de repente para e olha faceiro em minha direção. – Quer um pedaço? – Pergunta colocando o hambúrguer perto do meu rosto e antes mesmo de ter tempo de responder Justin continua. – Vai ficar querendo. – Solta uma gargalhada e abocanha seu lanche.
– HA-HA-HA estou morrendo de rir, que engraçadão que você é Justin! – Debocho revirando os olhos e suas risadas aumentam. Que tipo de remédio esse garoto anda tomando?
Aos poucos suas risadas foram cessando e gostava de vê-lo feliz e brincalhão daquela forma. Justin era um furacão, por onde passava deixava seu rastro de alegria e quando teve que se afastar de São Francisco muitos sentiram sua falta.
Estávamos imersos naquela mesma bolha que até á alguns dias considerava de “ilusão”, mas agora era diferente, me sentia diferente e todo aquele medo de perder nossa amizade havia evaporado. Nossas brincadeiras e piadas internas, nosso amor, nossos gostos, tudo continuava do mesmo jeito, só demoramos tempo demais até perceber que não tinha outra forma a não ser nos entregarmos á essa loucura.
– Você está todo sujo, Justin. – Sorrio pegando um guardanapo e limpo o canto da sua boca.
– Porque não me beija? É mais fácil.
– Não estou com vontade. – Digo despreocupada e ergo meus ombros, Justin arqueia uma de suas sobrancelhas e me fita intensamente.
– Então só me beija quando está com vontade? – Balanço a cabeça como se fosse uma pergunta obvia e sinto minhas pernas sendo puxadas. Quando me dou conta já estou sentada em seu colo com as penas em volta da sua cintura e com minhas mãos apoiadas e seu peitoral.
– Abusado. – Resmungo roçando delicadamente nossos narizes e aquele sorriso que tanto amo volta a estampar seu rosto.
– O que tenho que fazer para ganhar seus beijos? – Segura minha cintura com uma das mãos e com a outra massageia deliciosamente minha nunca.
– Parar de fazer tantas perguntas. – Sussurro e em questão de segundos sinto seus lábios sendo prensados contra os meus.
Cada beijo era diferente, cada sensação era nova, mas seu gosto sempre continuava delicioso como antes. Nunca senti essa vontade de beijar um garoto durante horas como sinto quando estou perto de Justin, minha pele implorava pelo seu toque cada vez que nos víamos, implorava por um contado maior, mas era cedo demais parar pensar em coisas desse tipo. Nem namorados nós éramos ainda.
Para mim os beijos que trocamos com alguma pessoa sempre são a resposta para o que estamos sentindo por ela e com Justin cada beijo é como se fosse o meu primeiro. Meu coração sofre de tão acelerado que fica, minha respiração fica totalmente descontrolada e minhas mãos, mesmo estando frias conseguem soar.
E ai consigo perceber que tudo aquilo que sentíamos quando estávamos perto de umpaquera nova era uma fase de treinamento. Todas as palavras que sumiam de nossas bocas – por mais que fosse o nosso subconsciente nos dando uma ajudinha “Ei garota, fique quieta. Não diga bobagens!” – era o que mais fazíamos. Todo aquele desespero e aquelas sensações estranhas que sentíamos quando trocávamos simples e singelos olhares... Tudo foi simplesmente uma fase de treinamento para não sermos pegas desprevenidas no nível seguinte, o amor. O amor que finalmente resolve bater em nossas portas. Por que se com uma paquera já era difícil imagine com o garoto que amamos?
– Estou voltando a reconsiderar sua proposta de passar essa noite aqui comigo. – Bieber diz manhoso e esconde seu rosto entre meus cabelos, suspira contra meu pescoço e logo sinto a região atingida ficar arrepiada.
– Você definitivamente não presta Justin Bieber. – Reviro os olhos tentando segurar um sorriso e empurro seu ombro de leve. – Tenho que voltar para casa antes que meu pai mande a polícia atrás de mim e não quero passar por essa experiência de novo. – Digo e sinto suas mãos me segurarem mais forte contra seu corpo.
– Não vai agora. Espere pelo menos minha mãe chegar. – Me encara com seus olhos pidões e acabo aceitando sua proposta. Afinal, quem não aceitaria?
[...]
– Você vem me buscar amanhã cedo? – Justin pergunta me abraçando forte e quando estava formulando uma desculpa para dar Pattie me salva. Tinha aula de manhã e por mais que quisesse não tinha como.
– Claro que não, Melanie tem aula e já teve que te aturar demais essa tarde. – Pattie brinca e Justin revira os olhos.
– Aposto que ela adorou ter que me aturar. – O repreendo pelo olhar e um sorriso malicioso delineia seus lábios.
– O que esse pacote de lanches do McDonald's está fazendo aqui? – Pattie encara Justin mortalmente e caminho rapidamente até a porta.
– Nos vemos amanhã. – Sorrio ironicamente para ele e fecho a porta do quarto antes de ter que escutar a bronca que Pattie provavelmente lhe daria.
Assim que sai do hospital sentei-me em um dos bancos de cimento e esperei pacientemente até algum taxi aparecer. Conectei o fome de ouvido em meu iPhone e coloquei em uma playlist qualquer, só queria distrair minha mente.
You have my heart, you had it from the start
I love you from afar…
(Você tem meu coração, você teve desde o início)
(Eu amo você de longe...)
Near or Far, Carissa Rae. Uma música realmente muito bonita sem contar que me fazia sorrir toda vez que escutava.
I hear them say
That what we have may fade away but I refuse
We’ll never lose
(Escuto-os dizendo)
(Que o que temos pode desaparer, mas eu recuso)
(Nós nunca perderemos)
Entrei no primeiro taxi que apareceu e passei meu endereço ao motorista, minha casa não era muito longe e estava grata por isso. Meu corpo implorava por um banho e uma cama bem quentinha, sem falar em meu estômago que se contorcia desesperadamente dentro de mim.
Flashes da tarde que havia passado com Justin apareciam em minha cabeça e algumas vezes – muitas vezes – durante o caminho me pega sorrindo igual uma idiota.
Era uma noite bastante fria, tanto que dentro do carro ficava soltando o ar pela boca para ver as fumaçinhas que saiam. Essa era uma das únicas coisas legais do inverno.
They say
It’s a case of the honeymoon phase but I just smile
Because I know this will last a while.
(Eles dizem)
(Que é uma fase de lua de mel, mas eu apenas sorrio)
(Porque sei que vai durar um tempo)
Entreguei algumas notas ao motorista e sai apressadamente do carro. A luz da sala estava acesa então meus pais provavelmente estavam assistindo algum programa juntos. Guardei meu celular na bolsa e limpei meus pés no tapete da porta, abri a mesma e como havia dito meus pais estavam ali, abraçados e conversando.
– Não se esqueça da Alemanha, Charlie. – Minha mãe disse preocupada e desviou seu olhar para mim assim que fechei a porta.
– O que tem a Alemanha? – Pergunto sorrindo e meus pais trocam um breve olhar.
Understand you'll make mistakes
But love won't stop, it has no breaks
(Entendo que você cometerá erros)
(Mas o amor não para, não tem pausas)
outubro 05, 2012

Playlist



Rhythm Of Love - Plain White T's
New In Town - Little Boots
Little Lion Man - Mumford & Sons
Secrets - One Republic 
Everybody's Changing - Keane 
Breath Away - Duffy
Near or Far - Carissa Rae
Dreaming With a Broken Heart - John Mayer
Us - Regina Spektor
Put Your Records On - Corinne Bailey Rae
Home - Edward Sharpe and the Magnetic Zeros
Chasing Cars - Snow Patrol
Lights - Ellie Goulding
The Writer - Ellie Goulding
Pumpkin Soup - Kate Nash
Foundations - Kate Nash
Mouthwash - Kate Nash 

*Shuffle mode

outubro 04, 2012

Sparks Fly, capítulo 15 - Minhas coisas preferidas.


– Não, amanhã você faz isso, pelo que conheço de Justin ele deve estar tentando processar suas informações até agora e se você se contradisser vão ter que encaminhá-lo para ala psiquiátrica. – Solta uma risadinha maldosa no final e fico boquiaberta.
– Não fale assim dele! – Digo irritada e sua risada aumenta. É, essa conversa seria longa.
Capítulo 15 – Minhas Coisas Preferidas.
And if you have a minute why don't we go talking about that somewhere only we know? This could be the end of everything, so why don't we go somewhere only we know? 
(Somewhere only we know – Keane)
* * *
[…] When the dog bites. When the bee stings. When I’m feeling sad I simply remember my favorite things, and then I don’t feel so bad… /Quando o cachorro morde. Quando a abelha ferroa. Quando me sinto triste simplesmente me lembro das minhas coisas favoritas, e então não me sinto tão mal… […]
A Noviça Rebelde por mais que fosse um filme antigo era um dos meus favoritos quando criança e me lembro muito bem dessa parte, quando Maria, ainda como governanta da casa ensinava às crianças uma nova forma de espantar seus medos: pensar em suas coisas preferidas. Achava essa ideia tão genial que com seis anos de idade tinha minha própria lista de coisas preferias – que não eram poucas –, e quando precisava enfrentar meus medos pensava nos itens selecionados e cantava bem baixinho esse trecho da música. Agora pode parecer ridículo, mas quando era menor funcionava... Funcionava, porque agora estou plantada na entrada do hospital em que Justin está internado, tentando de alguma forma tirar da cabeça que o que mais temo nesse momento é a mesma “coisa”que ocupa o primeiro lugar da minha tão querida lista de coisas preferidas desde os seis anos.
São nesses momentos que penso seriamente no que Caitlin e Annie me dizem:Garota, sua mãe deve ter deixado você cair de cabeça quando era neném, porque olha... E isso pode realmente ter acontecido já que dona Carly nunca foi a mãe mais atenciosa do mundo.
Pattie havia me ligado ontem à noite, disse que Justin estava intratável desde a nossa conversa e temia ter que realmente internar o filho em uma clínica de reabilitação já que ficar só nas ameaças não funcionou.
Suspirei puxando as mangas do casaco e empurrei a porta do hospital. Andei até a recepção e depois de anotarem meus dados autorizaram minha visita. Pattie devia estar trabalhando ainda e como minhas aulas terminaram mais cedo poderia passar mais tempo com Justin.
– Você está virando um viadinho Justin. – Uma voz desconhecida soou um tanto quanto alta de dentro do quarto e em seguida as risadas dos dois preencheram o ambiente, bati três vezes na porta e logo giraram a maçaneta.
Bryan, ele era o dono da voz desconhecida.
– Hum... Seu cordeirinho está aqui, Justin. – Debochou sorrindo maliciosamente e deu espaço para que eu pudesse entrar no quarto, mas continuei parada.
– Posso conversar com você? – Perguntei ignorando a piadinha sem graça de Bryan e Justin apenas balançou a cabeça concordando. – Em particular. – Olhei para o garoto parado ao lado da porta e o mesmo ergueu os braços em forma de defesa.
– Depois nos falamos. – Fez um toque estranho com Justin e pegou sua jaqueta que estava em cima do pequeno sofá, deu um sorriso sugestivo enquanto passava por mim e bateu a porta do quarto. Suspirei enquanto meu estômago se revirava e encarei meus dedos.
– Então? – Justin perguntou rispidamente.
– Eu só queria... Só queria ver como você está. – Andei até sua cama e Justin aconchegou-se no travesseiro que estava atrás de suas costas. – Minhas aulas acabaram mais cedo e achei que podia ficar aqui até Pattie chegar. – Dei de ombros, mas meu coração estava preste a sair pela boca. – Está irritado ainda?
– Não consigo ficar irritado com você por muito tempo. – Suspirou, mas logo um sorriso de canto de boca iluminou seu rosto. – Deite comigo. – Estendeu sua mão para mim e apertei a mesma com receio, não esperava por essa reação, na verdade esperava que ele gritasse comigo e me mandasse embora.
Sentei-me ao seu lado e Justin passou seus braços em volta da minha cintura, apoiei minha cabeça em seu peito e sorri assim que escutei seu coração batendo tão rápido quanto o meu. Essa é – com toda certeza – umas das melhores sensações do mundo. Ergui minha cabeça e segurei seu rosto com uma das mãos, afaguei suas bochechas e passei meus dedos em baixo dos seus olhos.
– Suas olheiras estão tão fundas. – Justin sorriu timidamente e segurou minha mão com delicadeza.
– Não consigo dormir muito bem nesse lugar. – Disse e depositou um beijo em minha mão. – Principalmente depois de ontem.
– Já disseram quando você será liberado? – Mudei de assunto e Justin apertou seus braços em torno do meu corpo.
– Amanhã cedo.
– Posso pedir para passar essa noite com você, Pattie não contou nada aos meus pais... Quer dizer, ela disse que você está internado, mas não contou o motivo. – Apoiei minha mão em seu peito e Justin sorriu.
– Não acho que seja uma boa ideia, seus pais podem entender errado e não quero ter que me afastar outra vez. – Afagou meus cabelos a balancei a cabeça concordando. – Acho que lhe devo explicações sobre o que aconteceu. – Pigarreou desconfortavelmente e seus lábios formaram uma linha dura.
– Você deve ter tido seus motivos Justin, não precisamos conversar sobre isso agora. – Segurei seu rosto com uma das mãos outra vez e beijei a ponta do seu nariz. – Só quero que me prometa que isso não vai acontecer de novo e toda vez que estiver sentindo falta vai falar comigo antes de tomar qualquer decisão. – Pedi e seus olhos se prenderam em mim por alguns segundos. – Prometa!
– Tudo bem, eu prometo. – Sorri e passei meus braços em volta do seu pescoço. – Mas você tem que me prometer uma coisa também.
– E o que seria? – Aconcheguei-me em seus braços e o olhei atentamente.
– Prometa que me dará outra chance. – Enroscou seus dedos em meus cabelos e aproximou ainda mais nossos rostos. E lá se vai a barreira que mantém uma distância saudável entre nós, droga! – Prometa. – Sussurrou contra meus lábios e o resto de sanidade que existia em meu cérebro evaporou com esse simples toque.
– Já faria sem ter que prometer. – Sorri e logo senti seus lábios avançaram ferozmente para cima dos meus. Oh, como senti falta disso.
Menos de quarenta e oito horas, esse foi o tempo que fiquei sem sentir o gosto de seus lábios e o toque de suas mãos, e essas foram também às horas mais torturantes e angustiantes da minha vida. Não conseguia mais me imaginar longe de Justin e só de pensar em alguém o tirando de mim um nó se forma em minha garganta junto às tantas lágrimas que teimam em queimar meus olhos, ele é meu garotomeu kidrauhl e de agora em diante faria de tudo para que nós déssemos certo.
– Eu te amo tanto. – Sussurrei em meio aos beijos e Justin soltou sua respiração ofegante contra meu pescoço.
– Eu até gosto de você. – Sorriu divertido e voltou a distribuir beijos pelo meu pescoço, o olhei boquiaberta e puxei sua cabeça para cima. – Te peguei. – Começou a rir e empurrei seu peito.
– Idiota. – Resmunguei emburrada e logo seus braços estavam me puxando de volta para o seu colo.
– Eu te amo Melly. – Acariciou meu rosto e colocou uma mecha solta do meu cabelo atrás da orelha. – E espero que nunca se canse de me ouvir dizendo isso.
– Nunca me cansaria. – Declarei e meus lábios já esperavam ávidos pelo seu toque,droga de garoto viciante!
E de repente os móveis brancos e sem vida do quarto não existiam mais, as sirenes das ambulâncias que chegavam a cada meio minuto no hospital pararam de soar, estávamos em um lugar nosso, um lugar só nosso e a única coisa que nos importava era acabar com aquela saudade toda que estávamos sentindo, naquele lugar nossos corações acelerados e nossas respirações descompassadas eram as músicas mais doces e melódicas existentes. Nossa única preocupação era demonstrar o nosso amor, um amor tão grande e tão bonito que chegava machucar nossos peitos.