janeiro 10, 2013

Sparks Fly, Capítulo 19 - Naive


Bieber entreabriu seus lábios e envolveu o dedo de Melanie com a língua, uma carga de adrenalina foi despeja em suas correntes sanguíneas naquele momento e um gemido rouco escapou da garganta da mais nova. Envergonhada, fechou seus olhos e quebrou o contato entre seu dedo e a língua daquele maníaco, mas para a surpresa de Justin, Melanie umedeceu seus lábios e os abocanhou em um beijo estarrecedor.
Aquele dia estava sendo surpreendente.
Capítulo 19 – Naive.
I know, she knows, that I’m not fond of asking. 
True or false it may be she's still out to get me.

(Naive – The Kooks)
Depois de longos e deliciosos minutos consegui separar nossos lábios. Meus pulmões imploravam por uma pausa, mas ao mesmo tempo cada fibra do meu corpo pedia pelo seu toque, pela sua atenção. Porém, não me sentia preparada para levar aquilo adiante – ainda mais com Judith no andar de baixo –, não sabia como agir e a vergonha me consumia cada vez mais com seu olhar pesando sobre mim.
– Acho melhor irmos comer alguma coisa. – Murmurei me afastando de seu corpo e Justin apenas balançou a cabeça concordando, seus olhos permaneciam fechados e ele parecia estar tentando controlar sua respiração. – Os bolos que Judith faz são uma delícia. – Dei uma desculpa qualquer e sentei-me na cama com as pernas para fora, balancei meus pés de um lado para o outro e encarei os mesmos, envergonhada. – Você quer? – Perguntei e apenas escutei um suspiro de sua parte antes de sentir o colchão ao meu lado afundar com seu peso. Passou os dedos entre os cabelos, como sempre fazia e logo escorregou sua mão pelo meu braço até encontrar a minha e entrelaçá-las. 
– Como vamos fazer daqui para frente? – Fitei seu rosto e suspirei em seguida. Não tinha a mínima ideia de como seria nossas vidas daquele dia em diante, mas faria de tudo para que ficássemos juntos. 
– Eu... Eu não sei, mas vamos achar um jeito e tudo vai acabar dando certo. 
– Você podia ficar. Morar comigo e com Pattie durante um tempo até as coisas se estabilizarem. – Sugeriu esperançoso e balancei a cabeça negativamente. Aquilo seria loucura, meus pais nunca aceitariam uma proposta desse tipo. 
– Meus pais nunca aceitariam. – Suspirei encostando minha cabeça em seu ombro. – Podemos conversar sobre isso depois? – Justin sibilou um pequeno “sim” e levantei-me da cama estendendo uma de minhas mãos para ele segurar. – Judith já deve estar ficando louca. 
Como já era de se esperar uma bandeja cheia de muffins e brownies nos aguardava no andar de baixo, juntamente com duas canecas de chocolate quente. Agradeci Judith que continuava fazendo seu trabalho na cozinha e caminhei até a sala, onde Justin escolhia um filme para assistirmos. 
– As Vantagens de ser Invisível? – Estendeu-me a caixinha do DVD e suspirei. Esse era com certeza um dos melhores filmes que já assisti até hoje, tão bom quanto o livro, o que atualmente é um milagre acontecer. 
– Pode ser. – Dei um pequeno sorriso e coloquei a bandeja em cima da mesinha de centro. Estendi em cima do tapete um dos cobertores que havíamos pegado em meu quarto e coloquei as almofadas em uma ponta para poder no encostarmos, Justin sentou-se naquela parte e bateu no espaço ao seu lado para que eu fizesse o mesmo que ele logo de uma vez. Joguei o outro cobertor para ele e peguei as canecas de chocolate quente, em seguida me sentei ao seu lado. 
– Isso é realmente bom. – Elogiou depois de beber e concordei enquanto me aconchegava em seus braços. – Já assistiu a esse filme? 
– Sim e você provavelmente vai odiar ou dormir antes de acabar. 
– Filme de garotinhas? – Balancei a cabeça rindo e Justin escondeu seu rosto em meu pescoço. – Boa noite Mel. 
– Nem comece você que escolheu. – Disse tentando empurrá-lo para o lado, mas foi uma tentativa bem falha já que Justin é bem mais forte e pesado do que eu. – Vou acabar derrubando meu leite em você, Justin! – Gargalhei quando o mesmo começou a fungar em meu pescoço e depois de muito reclamar ele finalmente me soltou. 
A comida que Judith tinha nos preparado acabou em menos de dez minutos e depois disso perdi a conta de quanto tempo ficamos ali, abraçados, um sentindo a respiração pesada do outro. 
O filme já havia terminado e Justin dormia tranquilamemte com a cabeça encostada em meu peito, nossas pernas estavam entrelaçadas e minha vontade era de ficar assim com ele até amanhã, ou talvez até mais, mas meus pais chegariam a qualquer momento. 
– Jus é melhor você acordar. – Sussurrei em seu ouvido passando meus dedos entre seus cabelos e logo seus braços apertaram minha cintura. 
– Seus pais chegam que horas? – Perguntou depois de bocejar e sentar-se ao meu lado. 
– Não sei, depende do dia, depende do tanto de trabalho que eles têm, mas minha mãe costuma chegar antes. 
– Ela vai abrir outro ateliê na Alemanha? – Olhei para ele e suspirei, não tive tempo de conversar com ela em relação a isso e só agora percebia como estava sendo egoísta em relação a essa mudança. A vida da minha mãe era aquele ateliê, o que ela mais gostava de fazer era criar roupas e ver o sorriso de satisfação de seus clientes quando uma peça era entregue. Eu não era a única que estava sofrendo e talvez, até mais do que eu, ela estivesse precisando de um ombro amigo nesse momento. 
– Não tivemos tempo de conversar ainda. 
– Você acha que se ela dissesse não seu pai mudaria de ideia? 
– Meu pai não trocaria aquela empresa por nada, nem pela família dele. – Disse com amargura e Justin apertou minha mão. 
Depois disso o assunto morreu e mais uma vez me senti uma mimadinha egoísta, meu pai podia até não ser tão presente na minha vida – o que ele realmente não era –, mas dizer uma coisa dessas era hipocrisia demais.
– Vou transferir minha matrícula de Arquitetura para UCSF* amanhã. – Justin mudou de assunto e o encarei sorrindo. Finalmente uma notícia boa. – Fui até lá hoje cedo, achei que eles não me aceitariam por ter trancado a matrícula há tanto tempo, mas minhas notas eram ótimas então foi fácil. - Se gabou. 
– Isso... Isso é ótimo Justin, parabéns! – Agarrei seu pescoço e logo o puxei para um abraço apertado, Justin soltou uma gargalhada gostosa e me puxou para o seu colo. – Porque não me contou antes? – Dei um tapinha em seu braço e tenho quase certeza que minha mão ficou mais dolorida.
– Não reclame eu só ia te contar amanhã, depois de acertar tudo, seria uma surpresa. – Retrucou erguendo os braços para cima. 
– Ainda bem, odeio surpresas. – Justin revirou os olhos e me deu um selinho em seguida.
– Agora eu acho melhor nós arrumarmos essa bagunça antes que seus pais cheguem. – Concordei me levantando do seu colo.
Dobrei todos os cobertores e coloquei as almofadas em seus devidos lugares enquanto Justin me atrapalhava e levava as louças sujas para a cozinha. Judith já tinha ido para casa então eu acabaria lavando aquilo quando Justin fosse embora.
Terminamos tudo rapidamente e ficamos mais um tempo juntos no sofá da sala. Já eram quase oito horas da noite e nada dos meus pais chegarem, deitei minha cabeça no colo de Justin e fiquei observando seus olhos – que mais pareciam duas poças de mel – durante um longo tempo.
– O que aconteceu aquele dia, Justin? – Perguntei curiosa.
– Que dia, Melanie?
– Você sabe. – Suspirei revirando os olhos. – E porque Bryan foi te visitar no hospital? – Não sabia bem o porquê, mas precisava saber o que tinha acontecido.
– Você disse que não queria conversar sobre isso. – Resmungou e voltou seu olhar para o teto da sala.
– Sim, mas agora eu quero saber o que aconteceu.
– Nós saímos, bebemos, fizemos outras coisas que não devíamos e o resto você já sabe. – Bufou irritado e levantei-me do seu colo. – E ele foi me ver no hospital porque é meu amigo, oras.
– Tem certeza? – Perguntei com uma sobrancelha arqueada.
– Está duvidando de mim? – Retrucou meio ressentido.
– Não, quero saber se tem certeza de que Bryan é realmente seu amigo.
– Ele foi o único que não se afastou de mim. – Deu de ombros como se aquilo não fosse um assunto importante ou esperando que eu não captasse sua indireta.
– Talvez quem tenha se afastado dos outros foi você Justin. – Rebati e ele me encarou durante alguns segundos.
– Já passei tempo demais aqui hoje, amanhã nós conversamos. – Levantou-se irritado e deu um beijo de despedida em minha testa.
– Você não vai embora agora. – Segurei seu braço com força e levantei-me rapidamente. – Não quero que fique bravo comigo. – Disse acariciando seu rosto e Justin suspirou como resposta.
– Eu não gosto de conversar sobre isso. – Segurou minha mão e fiquei na ponta dos pés para poder abraçá-lo. 
– Tudo bem. – Dei-me por vencida. – Por hora nós não precisamos falar sobre isso.

[...]

Caminhava tranquilamente pelo corredor da escola com Annie ao meu lado, ela contava animadamente como havia sido seu final de semana em sua cidade natal – Los Angeles –, mas eu não absorvia nada do que ela dizia. Não propositalmente, é lógico, mas minha cabeça estava em outro lugar.
– Então, o que você acha? – Perguntou sorrindo.
– Ach... Acho do que? – Me fiz de desentendida e Annie revirou os olhos.
– Você não escutou nada do que eu disse, não é? – Balancei a cabeça murmurando minhas desculpas e Ann suspirou. – Eu disse que depois da formatura nós podíamos ir para Los Angeles, ficamos na casa dos meus avôs. Então, o que você acha? – Fitei meus pés rapidamente e logo direcionei meu olhar à garota para em minha frente, que por sinal esperava ansiosa pela minha resposta.
– Acho que é uma boa ideia. – Disse por fim. – Mas tenho que conversar com meus pais antes.
– Oh, claro! Minha mãe pode conversar com a sua se precisar. – Sorri e paramos em frente aos nossos armários. As aulas demorariam mais um pouco para começar.
Peguei o material necessário para as três primeiras aulas e logo os coloquei em minha bolsa, Annie fez o mesmo e depois nos sentamos em um dos bancos próximos à sala de Química, que seria nossa primeira aula.  Assim que nós sentamos meu celular vibrou no bolso da jaqueta e o peguei rapidamente sorrindo ao ver o nome de Justin piscando.
Bom dia princesa!
Acabei de sair da UCSF e eles realmente me aceitaram,
mas minhas aulas só começam no próximo ano.
Anyway, só queria te avisar e saber se gostaria de almoçar comigo hoje!
Aceita?
– Me empresta um pouco desse mel que você tem garota! – Annie deu um gritinho e só assim percebi que ela também estava lendo a mensagem de Justin. Minhas bochechas coraram na hora e ela fez questão de soltar uma gargalhada.
– Não tem mel nenhum. – Disse envergonhada.
– Tem certeza? Porque o Andrew é extremamente fissurado em você e vamos combinar que ele é lindo. E agora o Justin que é outro pedaço de mau caminho, sem contar que é mais velho! – Olhou maliciosamente para mim e revirei os olhos tentando segurar a risada.
– Andrew é apenas um amigo. – Dei de ombros e Annie arqueou uma sobrancelha. – Tudo bem, nós ficamos algumas vezes, mas ele tinha total conhecimento da minha “história” com Justin.
– Mesmo assim continua fissurado, sempre que você falta ou acontece alguma coisa ele fica preocupado e vem conversar comigo. – Isso sim era novidade. Sempre soube que Andrew tinha uma “quedinha” por mim, mas não sabia que chegava a tanto.
– Sério? – Perguntei meio sem acreditar e Ann balançou a cabeça assentindo.
– E por falar nele... – Fez um sinal para que eu olhasse para trás e lá estava Andrew, andando em nossa direção com um sorriso estonteante no rosto que deixaria qualquer garota enlouquecida, mas eu já era imune àquele charme todo. – Te espero na sala. – Murmurou e antes que eu protestasse, ela já andava em direção à sala de Química.
Tudo bem Melanie, é só pedir desculpas por não ter falado com ele durante esses dias, dizer que você Justin estão bem e que no próximo ano você não morará mais na América do Norte, simples, fácil. Afinal de contas o garoto não sente nada por você e com certeza não vai se abalar com essas notícias!  
Fechei os olhos enquanto meu subconsciente zombava de mim e respirei fundo. A parte mais difícil – que foi contar para Justin – já havia sido feita, então não tinha motivos para me preocupar com Andrew. Ele continuaria sendo meu amigo apesar da distância e continuaria enchendo meu saco por preferir Justin a ele, mas tudo acabaria dando certo. Tudo acabaria bem. 
Quer dizer, eu espero que isso aconteça. 
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Notas Finais!
UCSF - University of California, San Francisco. 
QUERO COMENTÁRIOS, OK? haha