outubro 04, 2012

Sparks Fly, capítulo 14 - Falta.


– Tente conversar com ele. – Pattie suspirou enquanto limpava os olhos com as mangas da blusa e concordei lhe dando um abraço apertado.
Sabia que me arrependeria pelo resto de minha vida pelo que estava preste a fazer, mas sabia também, que aquela era a decisão certa a ser tomada.
Capítulo 14 – Falta.
Can I hold you one last time? To fight the feeling that’s growing in my mind. I know I did us both all so wrong, I know I'm not always all that strong. (One Last Time – The Kooks)
E lá estava Justin, com seus cabelos milimetricamente desgrenhados e sua boca extremamente rosada e convidativa... Como conseguia ficar tão bonito em uma situação como essa? Balanço a cabeça negativamente tentando afastar tais pensamentos. Seus olhos – que até agora estavam cravados nos nós de seus próprios dedos – me fitam gentilmente. Coro no mesmo momento.
– Você veio mesmo. – Sussurra e percebo que sua voz está mais rouca que o normal, mas não de uma forma boa e excitante como costumava ser. Fecho a porta delicadamente e suspiro indo em direção a sua cama.
– Pattie estava desesperada, não tinha como deixá-la sozinha em um momento como esses. – Ergo os ombros despreocupada e pouso minhas mãos em cima das suas. – Temos que conversar Justin. – Limpo minha garganta e me limito a olhá-lo por alguns instantes.
– Estraguei tudo, não é? – Pergunta e nego com a cabeça. Justin suspira pesadamente e entrelaça nossas mãos me segurando com certa força. – Não quero te perder Mel, me desculpe. – Levanto a cabeça e encaro seus olhos me fitando com um misto de dor e angustia, odiava vê-lo dessa forma.
– E nem vai, Justin. – Confesso e acaricio seus dedos bem maiores que os meus com o polegar. – Mas você não precisa de mim desse jeito agora, precisa de alguém que cuide de você e não se envolva tanto emocionalmente. – Suspiro. – E isso é o que sei fazer de melhor. Além do mais tudo vai voltar ao normal e isso é o que importa agora; nossa amizade.
– Mas não quero que as coisas voltem a ser como antes e acho que sei do que preciso, não fique tirando suas conclusões. – Responde bruscamente e encolho meus ombros.
– Não complique mais as coisas Justin, não estou te renegando, muito pelo contrário, só quero tentar organizar minha cabeça. – Aperto nossas mãos.
– Mas não precisamos parar de nos relacionar. – Resmunga irritado. – E pare de falar comigo desse jeito tão formal, você sabe que detesto isso.
– Pare de se comportar como uma criança Justin, eu só quero o seu bem! – Me exalto e solto sua mão de forma rude. – Quero te ajudar e se der certo podemos tentar de novo daqui a algum tempo, mas se continuar se comportando dessa forma eu nem olho mais para sua cara. – Digo com os braços cruzados em forma de proteção e um biquinho extremamente ridículo ganha forma em meus lábios. Justin me olha divertido e suspiro frustrada. Droga!
– Quer que te leve a sério agora? – Pergunta e de repente sua voz volta a ter o mesmo tom aveludado de antes, ou será coisa da minha cabeça?
– Você não me leva a sério de qualquer jeito. – Reviro os olhos e ele sorri.
– Exato, mas agora estou louco de vontade de sair dessa cama e te encher de beijos. – Confessa e dou meio passo para trás arfando somente com a possibilidade dele realmente fazer isso.
– Pare com isso Justin, estou braba com você! – Reclamo e sua expressão volta a se tornar impassível como antes.– Espero que tenha entendido e saiba que não quero isso tanto quanto você. – Suspiro e volto a me postar ao seu lado. – Talvez até mais.
[...]
“Mas você não precisa de mim desse jeito agora, precisa de alguém que cuide de você e não se envolva tanto emocionalmente... E isso é o que sei fazer de melhor [...]”
A quem eu estava querendo enganar com aquelas palavras? Essa foi, talvez, uma das maiores mentiras que já saíram da minha boca... E não, não me orgulho disso. Sou a pessoa mais confusa e emotiva que existe nessa droga de planeta e agora estou tentandome enganar.
Estava meio que em choque naquelas vinte e quatro horas que demoravam tanto para passar. Não sabia se finalmente libertava todas as lágrimas que havia mantido presas enquanto estava com Pattie, se me sentia aliviada por Justin estar bem ou se tentava me jogar da Golden Gate Bridge pela burrada que tinha feito há algumas horas atrás.
Agora eu entendo as 35/40 pessoas que tentam se jogar da Brooklyn Bridge por ano, todas elas tem seus corações quebrados e preferem a morte a viver sem as pessoas que tanto amam, mas meu caso era diferente, eu escolhi isso então não tenho nem direito de pensar em tal possibilidade. A única coisa que me resta é esperar.
Estava a mais de meia hora deitada em minha cama revivendo na cabeça a conversa que tive com Justin essa tarde, se tivesse me entregado a sua gracinha estaria em seus braços nesse momento e teria ganhado um monte de beijos. Ah, como eu queria isso agora!
Seus lábios sempre foram minha maior perdição, desde quando éramos pequenos e nossas famílias viajavam juntas. Podíamos dividir a mesma barraca e às vezes até o mesmo colchão. Então me lembro bem que esperava ansiosamente a noite cair para nos deitarmos e poder contornar com os dedos seus lábios tão bem desenhados. Ah, como sinto falta disso!
Yeah, yeah. I said don't stop, don't stop, don't stop talking to me.
Stop, don't stop, don't stop giving me things.
Meu celular toca alto debaixo do travesseiro e dou um pulo assustada, Foster The People não é – definitivamente – uma das melhores bandas para se colocar como toque de ligações.
O nome de Caitlin brilha na tela e atendo rapidamente.
– Melanie? – Pergunta assim que aceito a ligação.
– Olá! – Respondo sorrindo, mas logo um suspiro involuntário acaba escapando.
– Tudo bem, pode me contar o que está acontecendo. – Reviro os olhos e volto a me deitar na cama, como podia me conhecer tão bem assim?
– Vou contar tudo o que aconteceu, mas, por favor, não me interrompa. – Peço e Caitlin concorda fazendo um barulho com a garganta. – Seus planos realmente deram cert...
– EU SABIA! – Gritou animada e bufei, ela não tinha jeito. – Ok, me desculpe, pode continuar.
– Nós saímos algumas vezes essa semana como, hum... Como um casal, mas...
– "MAS" O QUE? O QUE ACONTECEU? – Gritou outra vez e afastei meu celular um pouco.
– Se continuar gritando não vou falar mais nada. – Resmungo e ela pede desculpas outra vez. – Ele teve uma overdose ontem e acho que tomei a decisão mais errada da minha vida. – Suspiro e sinto meus olhos arderem. Pare de ser fraca, Melanie! Meu subconsciente manda e respiro vagarosamente.
– Oh, não, você não fez isso! – Diz exasperada e balanço a cabeça em um ato totalmente eloquente, mesmo sabendo que ela não podia ver.
– Ele não precisa de uma namorada agora, ele tem que se tratar primeiro e acho que consigo ajudar mais sendo só “a amiga”.
– Mel, você tem que parar de pensar tanto e começar a agir com seu coração, sei que não é a coisa certa a se fazer na maioria dos casos, mas o de vocês é diferente! Está colocando, MAIS UMA VEZ, uma barreira sem necessidade alguma na vida de vocês. – Caitlin bufa irritada e um nó se forma em minha garganta. Sabia que o arrependimento chegaria em algum momento, mas não pensei que fosse tão rápido assim.
– Tenho que ir vê-lo outra vez? Agora? – Pergunto com a voz fraca e abraço meu travesseiro.
– Não, amanhã você faz isso, pelo que conheço de Justin ele deve estar tentando processar suas informações até agora e se você se contradisser vão ter que encaminhá-lo para ala psiquiátrica. – Solta uma risadinha maldosa no final e fico boquiaberta.
– Não fale assim dele! – Digo irritada e sua risada aumenta. É, essa conversa seria longa.

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